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UMA NOITE EM NEW YORK - Parte 2


O metrô estava fechado por conta da pandemia de Covid-19. Agora era praxe que se fizesse uma limpeza durante as madrugadas, desinfetando os bancos, paredes e pisos dos vagões. 
 
Renzo passou por uma moça sem-teto que ajeitava nervosamente seus mínimos pertences, aninhada na calçada na entrada do metrô: loira, olhos azuis, muito magra e tremendo um pouco, a garota devia ter cerca de 25 anos, com seu rosto devastado por noites mal-dormidas, mas que ainda conservava um vestígio da beleza de outrora. Abraçava seu corpo franzino, verificava repetidamente suas coisas, cobria-se e descobria-se com um cobertor velho.  
 
Ao passar por ela, Renzo caminhou alguns passos e decidiu voltar. 
 
Parou bem próximo da menina, ajoelhou-se, sorriu e retirou da carteira uma nota de 50 dólares; dobrou o dinheiro, levou as mãos às costas, escondeu a nota na mão direita e ofereceu as duas mãos fechadas à moça, para que ela advinhasse onde a nota estava escondida. 
 
Diante da breve indecisão, ele balançou a mão direita, indicando o local do dinheiro. A garota tocou a mão de Renzo; ele abriu e deu a ela a nota de 50, com uma expressão de divertida surpresa. 
 
Então a moça o olhou com os olhos cheios de lágrimas, fez uma pausa e lhe agradeceu num fio de voz, a emoção à flor da pele. 
 
Os olhos de Renzo também marejaram, como era comum acontecer com ele. 
 
Ficaram um tempo ali, conversando na madrugada fria. 
 
Depois Renzo fez um carinho em seu cabelo, disse mais algumas palavras de encorajamento, se ergueu e seguiu caminhando.
 
Agora era o momento de procurar por traficantes nas esquinas e espantá-los dali. Aquela situação se repetia desde que o prefeito dera a ordem para que a polícia afrouxasse as abordagens na cidade. Se a Lei não faria seu trabalho, alguém teria que fazê-lo. Afinal de contas aquele era o território de Renzo, e não ficaria infestado de vagabundos espalhando livremente sua devastação. Não se ele pudesse evitar. 
 
RENZO: Sempre senti, desde que era criança, que não existe nada que eu não possa fazer. 
 
ENTREVISTADOR: Mas você não tem medo? 
 
RENZO: (genuinamente surpreso) E por que eu teria? 
 
(continua)