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ENTREVISTA - ROBSON GRACIE JR (Parte 1)



Nesta semana, a RGOA começa a publicar uma série de entrevistas. A primeira é com Robson Gracie Jr, irmão mais novo de Renzo, campeão de MMA e professor da academia da 30th Street em New York. 
 
Quais as primeiras lembranças que você tem do Renzo?
 
ROBSON: Uma das primeiras lembranças que tenho é de quando eu ainda era criança. Nessa época eu era muito fã do Sergio Mallandro, que tinha um programa infantil na TV. Um dia, meu pai me levou para um campeonato de Jiu-Jitsu, pra ver o Renzo lutar, e eu vi o Sergio Mallandro ali... 
Fiquei muito impressionado! Tinha muita gente em volta dele, conversando, pedindo autógrafo... 
Me aproximei devagar e quando cheguei bem perto dele, tomei coragem e perguntei: "Sergio Mallandro, pra quem você está torcendo?" 
E ele respondeu: "Pro Renzo!" 
Aquilo foi um choque: eu, apenas uma criança, vendo meu ídolo da televisão na minha frente, torcendo pro meu próprio irmão! 
E sem brincadeira, eu insisti na pergunta umas 10 vezes, enchi o saco do Sergio Mallandro, porque como era um campeonato tinha diversas lutas, e o Renzo lutou várias vezes naquele dia... 
A cada luta eu me aproximava de novo e perguntava: "E agora, Sergio Mallandro, pra quem você está torcendo agora?" 
E ele repetia todas as vezes: "Pro Renzo! Pro Renzo!" (Risos)
 
 
Pode nos contar uma história interessante envolvendo você e Renzo, ao longo dos seus anos de convívio?
 
ROBSON: Uma história que me marcou foi a que aconteceu na minha primeira luta profissional no MMA. Fui lutar contra um cara que era mestre de Muay Thai e, analisando as lutas anteriores do meu adversário, eu e os meus técnicos traçamos uma estratégia, porque vimos que o cara tinha um contragolpe muito bom. Traçamos nossa estratégia, definimos uns pontos, entre os quais o fato de que eu não chutaria, porque meu oponente tinha um chute muito forte de contragolpe. Mas o fato é que o Renzo não sabia do plano, ele chegou na parte final do camp, quando a estratégia já tinha sido definida... Aí quando a luta começou, eu só conseguia ouvir a voz do Renzo gritando pra mim: "Chuta! Vamos, chuta!" Mas eu não podia chutar, não foi isso o que eu tinha combinado com meu pessoal, e eu não tinha como falar isso pro Renzo... 
Fiquei nesse dilema por um tempo, até que percebi que tinha que obedecer ao Renzo, mesmo indo contra a estratégia definida. E chutei. Na hora em que chutei, como esperado, tomei um contragolpe muito forte. O Renzo gritou: "Boa! Agora chuta de novo!" Eu chutei de novo - e tomei outro contragolpe! 
Quando o round acabou, eu cheguei pro Renzo e disse: "Renzo, você está me deixando nervoso!" 
Aí ele me respondeu: "Eu? Eu estou te deixando nervoso? Você não tem que ficar nervoso, você tem que me ouvir! Você estava com medo de levar um contragolpe do seu adversário, você estava lutando com medo... Agora que você já percebeu que consegue aguentar o golpe mais duro que ele é capaz de dar, o medo acabou e você pode finalmente vencer essa luta!"
Renzo tinha razão: eu voltei pro segundo round com uma nova disposição, consegui derrubar meu oponente e estrangulá-lo. E tudo aconteceu com o Renzo falando: "Faz isso! Bota a mão esquerda ali, com a mão direita você puxa! Joga o quadril pra frente!" Parecia que ele estava narrando a luta, e eu só seguia as instruções dele. Como se tivesse fechado meus olhos, apenas seguindo a voz do Renzo.

(continua)