Publisher Avatar Renzo Gracie postou

PRIDE 1 (Parte 1)


O Japão é o grande nascedouro das artes marciais: o solo onde brotaram as técnicas da maior parte dos estilos de luta, incluindo aí, obviamente, o Jiu-Jitsu. E não só as técnicas – o corpo filosófico que norteia a conduta de um verdadeiro artista marcial deve parte considerável de seu sumo ao Bushido, código de ética dos antigos samurais, que preconiza um modo de vida específico para a classe dos guerreiros. Desenvolvido entre os séculos IX e XII dC, o Caminho do Guerreiro propõe, de forma radicalmente inegociável, as noções de bravura heróica, fidelidade a um ideal, retidão de caráter e desprendimento de tudo o que é vão. 
 
A "tábua da lei" do Japão medieval aponta as 7 virtudes do guerreiro:
 
CORAGEM
JUSTIÇA
HONRA 
LEALDADE
SINCERIDADE
RESPEITO
COMPAIXÃO
 
Quando um ocidental, que dedicou sua existência ao aprendizado, desenvolvimento e domínio de uma arte marcial até as raias da excelência, fazendo dela o seu Do (caminho espiritual), é convidado a lutar no Japão, trata-se de um ponto-chave em sua trajetória – o instante de dar de volta tudo aquilo que recebeu. O momento da retribuição; a hora, tão aguardada, de caminhar sobre o mesmo solo dos mestres-fundadores do passado ancestral, dos lendários samurais com suas batalhas titânicas, vitórias impossíveis e trágicos seppukus (suicídios rituais).
 
Em outubro de 1997, Renzo foi conclamado a competir no Japão e a mostrar sua arte numa terra habitada pelos fantasmas de guerreiros que povoavam sua mente desde a infância.
 
Era a primeira edição do PRIDE, competição internacional de Vale Tudo sediada em Tokio. A luta estava marcada para 11 de outubro, apenas 14 dias depois do PENTAGON COMBAT, que Renzo lutara no Rio de Janeiro. É claro que Renzo não teria tempo para se recuperar, física e mentalmente, tampouco para encetar o tipo de treinamento focado nas caraterísticas específicas de seu adversário. Mas, parafraseando Miyamoto Musashi, célebre samurai autor de O LIVRO DOS 5 ANÉIS: para um guerreiro, todo dia é um bom dia para morrer...

(continua)