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PRIDE 2 (Parte 2)


Depois da euforia dos primeiros minutos do confronto, a platéia foi gradativamente entrando num estado de torpor contemplativo. Após 40 minutos, os comentaristas, impacientes, reclamaram da suposta falta de ação do combate, a que chamaram de "anti-luta". Parte da platéia também reclamava, cobrando uma finalização; e algumas pessoas chegaram mesmo a cochilar em suas cadeiras.
 
Nada disto afetou a estratégia meticulosa de Renzo.
 
Metodicamente Renzo cansou Kikuta, não só física mas, principalmente, psiquicamente. A aparente estabilidade do combate agarrado no chão drenava, round a round, a energia vital de seu oponente. 
 
Talvez fosse dificil de entender, mas Renzo sabia exatamente o que estava fazendo. Sanae Kikuta, que entrou no ringue como um guerreiro transbordante de força, parecia no quinto round um fantasma de si mesmo, a pálida sombra de um lutador.
 
Então, quando ninguém, naquele estádio abarrotado por milhares de pessoas, esperava mais nada, o sexto round teve início e observadores atentos puderam perceber que algo havia mudado – algo no olhar de Renzo. Ele estava agora com aquele olhar: aquela forma rara de olhar, terrível e amedrontadora, frio e fogo misturados. Era o olhar do jogador diante do goleiro na hora do pênalti, do predador diante de sua vítima. Era o olhar de um matador.
 
"Oh, my God!", foi o grito súbito do comentarista quando, com menos de 1 minuto do sexto round, Renzo agarrou o corpo de Kikuta, prendendo-o numa guilhotina tão firme quanto a ratoeira no pescoço do rato.
 
Fuga? Impossível.
 
Sanae Kikuta bateu em desistência em menos de 10 segundos.
 
E se para alguns de nós a vida é um caos aleatório de eventos desarticulados, para Renzo cada combate era como a peça de um quebra-cabeças, se encaixando uma na outra, proporcionando enfim o conhecimento imprescindível para a conquista da vitória aparentemente impossível.