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O PRÍNCIPE DO JIU-JITSU - Parte 1


Essa incrível história começa em 1996, com um episódio tão misterioso quanto extraordinário, quando um árabe entrou na academia de Renzo em New York. Renzo não sabia quem ele era; o homem identificou-se como Ben e disse ter sido aluno de um grande amigo de Renzo, Nelson Couto Monteiro, mestre na GRACIE BARRA em San Diego, Califórnia. 
 
Renzo o recebeu amavelmente, como faz com todos os iniciantes; deu a ele um quimono de presente e começou a aula do dia. O aprendiz, um faixa-azul, treinou duro e, em certo momento, recebeu uma cotovelada no rosto que fez seu nariz sangrar. Renzo lhe emprestou uma toalha para estancar a hemorragia, perguntando em seguida se estava tudo Ok. Ben respondeu, sorrindo: “Está tudo ótimo: meu adversário me atingiu, mas não conseguiu passar minha guarda!”
 
Naquele momento Renzo percebeu que o novo membro do grupo era um guerreiro: “Fiquei fã dele na mesma hora!” 
 
Após o treino, o aluno convidou Renzo para almoçarem juntos no dia seguinte. Renzo aceitou; na hora marcada, chegou a um hotel no centro da cidade. Ele estranhou o fato de que o lugar estava completamente vazio – nenhum hóspede na recepção ou nos corredores: “O hotel era imenso, luxuoso, mas achei que fosse uma porcaria, porque não tinha ninguém...” Renzo encaminhou-se para o restaurante, onde Ben o aguardava sozinho. 
 
Durante o almoço conversaram sobre Jiu-Jitsu, e a paixão daquele aprendiz impressionava Renzo mais e mais. Quando acabaram de comer, a animação era tanta que afastaram mesas e cadeiras e começaram a praticar posições no chão acarpetado – o local estava vazio e o maître autorizou. 
 
“Começamos a treinar ali mesmo, a pensar o jogo, analisar possibilidades: ele estava muito entusiasmado com tudo aquilo!”
 
Como o aluno havia informado que partiria dos EUA naquela tarde, Renzo lhe perguntou a que horas sairia seu vôo. 
 
“Às 17h”, foi a resposta. 
 
Renzo olhou o relógio: já passava das 14h. 
 
“Você precisa ir pro aeroporto em alguns minutos ou vai perder seu avião...”, disse Renzo, preocupado. 
 
Os dois voltaram a treinar mais algumas posições e discutir aspectos técnicos relacionados a golpes, quedas e submissões. Quando Renzo voltou a olhar o relógio, já eram 16h. “Campeão, você precisa sair correndo AGORA ou seu avião vai partir!” 
 
Então Ben sorriu, placidamente: “Mestre, o avião é meu. Não acho que ele vai decolar sem mim...”
 
(continua)