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OS TEMPOS SELVAGENS DA JUVENTUDE - Parte 3


Uma tia de Renzo havia colocado um terreno à venda em Teresópolis, mas o negócio estava empacado há meses. Renzo procurou o dono da imobiliária e propôs um acordo: se ele conseguisse achar um comprador, dividiriam a comissão meio-a-meio. O corretor aceitou a proposta. 
 
Usando seu carisma e capacidade de convencimento, Renzo conversou com dezenas de pessoas e conseguiu um comprador em questão de dias.
 
Após a venda ser concluída, foi até a imobiliária pegar sua parte do dinheiro.
 
O corretor deu a ele um cheque.
 
Diante do valor, Renzo reclamou: “Mas não foi isso o que nós combinamos...”
 
“Está pensando o que, moleque? Dê-se por satisfeito com o que estou te pagando. Se eu quisesse, não te dava porra nenhuma!”
 
Renzo o olhou calmamente: “O senhor tem uma semana.”
 
“Quê?”
 
“Daqui a uma semana eu volto. Se o senhor não me pagar metade da comissão, conforme nós combinamos, vai ter que me dar tudo o que recebeu.”
 
“SOME DAQUI, SEU MERDA!”, gritou o corretor.
 
Renzo foi embora. Retornou diariamente, durante uma semana. Ficava observando a imobiliária da calçada. Como a fachada era de vidro, o corretor podia vê-lo; fazia gestos obscenos e gritava xingamentos. Renzo o fitava, impassível.
 
Passados 7 dias Renzo voltou, desta vez trazendo o que parecia ser um presente: uma bela caixa embrulhada com papel colorido e laçarote.
 
Percebeu que o corretor o observava de sua sala no mezanino: “Lá vem a porra do moleque...”
 
Dentro da loja, Renzo ajoelhou-se e colocou a caixa no chão, no meio do salão. Então acendeu um pavio que saía do pacote.
 
A imobiliária tinha várias funcionárias, que neste instante o observavam de suas mesas, intrigadas. Virou-se para elas e gritou: “Meninas: CORRAM!”
 
Renzo disparou pela saída, seguido pelas mulheres. Já estava do outro lado da calçada quando a caixa explodiu: pôde ver os cabelos de duas funcionárias, que ainda estavam próximas à porta de entrada, se eriçarem com a força do deslocamento de ar. 
 
As paredes de vidro da fachada da imobiliária estavam agora inteiramente cobertas de fezes.
 
RENZO: Não tinha um mísero espaço onde colocar o dedo sem encostar na merda...
 
Uma nuvem de bosta vaporizada saía lentamente pela porta aberta, empesteando a rua em frente. Lá dentro, mesas, móveis, paredes, papéis, arquivos: tudo estava impregnado.
 
O caso é que Renzo havia recolhido, durante uma semana, dejetos de cachorro pelas ruas e jardins de Teresópolis. Reunindo o material naquela caixa, instalou ali uma bomba carregada de pólvora e embrulhou tudo com papel de presente.
 
Como o lugar ficara impraticável, o corretor teve que instalar seu negócio em outra loja, em outro ponto da cidade. No dia da abertura, Renzo estava lá. 
 
Ele recebeu um cheque com o valor integral da comissão.

(continua)